O
Brasil pode ser atingido por 12 novas pragas exóticas nos próximos anos. Este é
o cálculo feito por especialistas com base em ameaças vindas de países
vizinhos. Cerca de 50% das pragas já foram detectadas e colocam o sistema
fitossanitário nacional em alerta.
A
lagarta helicoverpa provocou estragos em plantações do país e já causou mais de
R$ 2 bilhões em prejuízos nesta safra. A praga causou grandes perdas nas
plantações de algodão da Bahia, e também prejudicou culturas como a soja e o
milho em outros nove Estados.
O
inseto é um animal exótico, não é natural da fauna brasileira e é conhecido
como praga de quarentenária. Um seminário sobre ameaça fitossanitária reuniu
pesquisadores do tema em São Paulo. Especialistas já identificaram
aproximadamente 150 novas pragas que podem prejudicar a produção nacional de
alimentos.
A
perspectiva é de que até 2020, pelo menos 12 espécies se desenvolvam no Brasil.
São insetos, plantas, fungos e outros tipos de ameaças da América do Sul que
podem cruzar a fronteira. É o que explica Evaldo Ferreira Vilela, pesquisador
da UFV.
–
As regiões de fronteira e o Centro-Oeste brasileiro são entradas para as pragas
devido à vizinhança com países sul-americanos. Mato Grasso e Goiás são as
regiões mais prováveis. Curiosamente, a maior parte das nossas pragas
introduzidas têm entrado pelo norte do país – conta Vilela.
A
praga que mais preocupa os pesquisadores é a monília do cacaueiro. A doença que
ataca plantações no Peru, Equador e Colômbia, vem avançando em direção ao
Brasil. Já existe a previsão de que ela possa atingir plantações de cacau num
prazo de até dois anos.
–
A Bahia possui grande área de plantação de cacau. Uma das nossas preocupações é
uma ameaça fitossanitária que diz respeito à monilíase do cacaueiro, praga que
está na região andina, e também na região amazônica sob controle. É uma grande
ameaça para a agricultura da Bahia, porque nós temos uma região de 500 mil
hectares, é um maciço de cacau na região baixo sul do nosso Estado – destaca
Sueli Xavier de Brito Silva, fiscal estadual agropecuária da Bahia.
O
pesquisador da Embrapa Rafael Moreira Soares diz que o controle destas pragas
costuma ser difícil, principalmente pela falta de conhecimento para a prevenção
e o combate.
–
O agricultor tem que estar informado. Essa é a principal ferramenta para não
deixar as coisas acontecerem. O ideal é que se trabalhe primeiro
preventivamente para evitar que uma praga entre no país e se torne um problema
econômico – ressalta Soares.
O
diretor executivo da Associação Nacional de Defesa Vegetal (Andef), Eduardo
Daher, destaca que se a praga é nova, é preciso um novo tipo de defensivo
agrícola, mas a burocracia para a liberação dos produtos atrasa o combate no
país.
–
A praga, no caso do sudoeste baiano, em duas semanas já causa prejuízo ao
produtor. O conjunto do marco regulatório federal leva meses, até anos para
aprovar uma nova molécula. Seguramente, a lagarta vai ganhar da burocracia –
diz Daher.
–
Precisamos rever a legislação, de forma que de fato se possa fazer com que as
emergências sejam tratadas como emergências. Lembrando que a agricultura
brasileira é sem dúvida questão de segurança nacional. Uma praga com essa
intensidade precisa ser combatida com ferramentas de segurança nacional, assim
como o exército tem em alguns casos – desabafa Luís Eduardo Rangel, Coordenador
de Agrotóxicos do Ministério da Agricultura.
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